sábado, 21 de janeiro de 2012

Inovação Pedagógica

O conceito de inovação pedagógica que será debatido neste blog está efetivamente ligado à superação do vigente paradigma fabril, descrito por Alvin Toffler (no livro Choque do Futuro) e José Gimeno Sacristán (La Pedagogia por Objetivos: obsesión por la eficiencia), ancorado nas tradicionais concepções de ensino e aprendizagem, e por isso, incapaz de suprir as novas necessidades sociais no que se refere à formação das novas gerações. A prática educacional da escola tradicional e seus valores estão profundamente abalados, esgotados, revelando sua obsolescência diante das novas aspirações da sociedade emergente.

Para haver inovação pedagógica é necessário que haja mudanças qualitativas nas práticas pedagógicas, sejam dos ambientes físicos ou virtuais de aprendizagem. Essas mudanças envolvem um posicionamento crítico diante das concepções da escola tradicional e busca a criação de contextos de aprendizagem inovadores, diferentes da escola tradicional, que insiste no modelo de se criar contextos de ensino, mantendo sempre o foco no professor e não no aprendiz.

A persistência na criação de contextos de aprendizagem se reforça na ideia de Seymour Papert (no livro A Máquina das Crianças: Repensando a escola na era da informática), que a prática do professor construcionista dar-se a partir de situações que oferecem o máximo de aprendizagem com o mínimo de ensino. Nesta perspectiva, o professor assume o papel secundário no processo de aprendizagem, preocupado em desenvolver momentos ricos em nutrientes cognitivos. Assim, é essencial permitir ao aluno a oportunidade de aprender de forma autônoma e motivada, experimentando diferentes situações que o estimule a construir seu conhecimento a partir de suas próprias descobertas, sempre respeitando seus limites e peculiaridades, contrariando o modelo “castrador da criatividade” na educação em vigor.

A inovação pedagógica se traduz em novas ideias e concepções para se entender e atuar no processo de aprendizagem em ambientes escolares ou não. Portanto, a inovação implica diretamente nas práticas pedagógicas e não em reformas curriculares ou mudanças programáticas, ainda que elas possam sugerir ou até mesmo nortear-nos no rumo das mudanças qualitativas.

A inovação pedagógica só pode ser compreendida se estudada no local onde os fenômenos ocorrem e se valendo de instrumentos etnográficos (observação participante) que busquem entender de dentro como eles acontecem.

O Professor Doutor Carlos Nogueira Fino (no trabalho InovaçãoPedagógica: significado e campo de investigação) afirma a importância de reter o seguinte:

  • A educação institucionalizada preserva as práticas tradicionais, encontrando sempre pretextos para impor a ortodoxia.
  • A inovação pedagógica não é o resultado da formação de professores, ainda que a (boa) formação seja determinante.
  • A inovação pedagógica não é induzida de fora, mas um processo de dentro, que implica reflexão, criatividade e sentido crítico e autocrítico.
  • A inovação pedagógica, ainda que inspirada ou estimulada por idéias ou movimentos, que extravasam do âmbito local, é sempre uma opção individual e local.
  • A inovação pedagógica, nestes dias de desenvolvimento exponencial da ciência e da tecnologia não é sinônimo de inovação tecnológica.
Para se interar mais sobre inovação pedagógica, aconselho que estudem os trabalhos dos professores doutores Carlos Nogueira Fino e Jesus Maria Sousa (ambos docentes da Universidade da Madeira – Portugal), em suas respectivas páginas na internet.