domingo, 5 de fevereiro de 2012

Vygostsky e a Zona de Desenvolvimento Proximal


O psicólogo bielo-russo Lev Semenovitch Vygotsky foi um pesquisador importante em sua área de atuação e um dos primeiros a conceber a ideia que o desenvolvimento intelectual das crianças decorre de interações sociais e peculiaridades das condições de vida das mesmas. Teve sua obra descoberta pelos cientistas do ocidente, anos após sua precoce morte por turbeculose, aos 37 anos. Sua concepção sobre aprendizado decorre da ideia que o homem é um ser social que se forma em contato com a sociedade. Se opondo às concepções empiristas que enxergam o homem como produto de estímulos externos. Criticando também as teorias inatistas que defendem que o homem já nasce com as características que irá desenvolver durante a vida. Para o autor, o desenvolvimento do homem está intimamente ligado a historia da sociedade, sendo assim, é impossível separar um do outro. Pois, desde que as crianças nascem elas interagem com os adultos, e esses, naturalmente, procuram transmitir a elas a maneira “correta” de se relacionar com a cultura.

O autor acreditava que na mente dos aprendizes existe uma “Zona de Desenvolvimento Proximal”, que é a distância entre o nível de desenvolvimento real, que representa a capacidade do aprendiz de resolver problemas individualmente, e o nível de desenvolvimento potencial, que é determinado através daquilo que o aprendiz pode resolver com o auxílio de um instrutor ou outro aprendiz mais experiente. O desenvolvimento potencial é sempre uma incógnita, pois ainda não foi atingido. Então, as “boas aprendizagens” são aquelas que proporcionam o aumento no nível do desenvolvimento do aprendiz. Assim, a aprendizagem mediada por pares mais experientes ou mais capazes, se mostra um bom método de evolução do desenvolvimento.

Utilizar os próprios aprendizes como instrumento de instrução fazendo com que eles “ensinem” uns aos outros parece uma boa saída para os problemas da escola atual, como o grande número de alunos por turma e a falta de recursos didáticos (a quantidade de computadores por alunos por exemplo). Segundo Vygotsky, a auto-regulação é precedida por uma regulação exterior. Assim, com o desenvolvimento da aprendizagem orientada, o guia vai entregando gradativamente o controle nas mãos do aprendiz, que vai assumindo uma maior responsabilidade cognitiva sobre as tarefas, e assim, cada vez mais o aprendiz auto-regula suas tarefas.

Vygotsky considera muito importante o trabalho do educador neste contexto, como impulsionador do desenvolvimento cognitivo dos aprendizes, disponibilizando apoio e insumos para que eles possam aplicar um nível de conhecimento maior do que seria possível sem auxilio. Porém, é importante perceber antes se o aprendiz tem condições de absorver o pensamento. Se os processos educativos no Brasil forem desenvolvidos considerando a ZDP, podem fornecer aos educadores indícios das potencialidades dos aprendizes, permitindo que os processos educativos sejam mais individualizados e sistemáticos. Porque na óptica do autor o desenvolvimento da “criança é um processo dialético complexo caracterizado pela periodicidade, desigualdade no desenvolvimento de diferentes funções, metamorfose ou transformação qualitativa de uma forma em outra, embricamento de fatores internos e externos, e processos adaptativos que superam os impedimentos que a criança encontra”. Sendo assim, fica claro que para o autor o desenvolvimento é um processo que acontece de dentro para fora se opondo as tradicionais concepções que postulam o contrario.


I Encontro Internacional - Homenagem a Paulo Freire nos 90 anos de seu nascimento


































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