O psicólogo bielo-russo Lev Semenovitch Vygotsky foi um pesquisador importante em sua área de atuação e
um dos primeiros a conceber a ideia que o desenvolvimento intelectual das
crianças decorre de interações sociais e peculiaridades das condições de vida
das mesmas. Teve sua obra descoberta pelos cientistas do ocidente, anos após
sua precoce morte por turbeculose, aos 37 anos. Sua concepção sobre aprendizado decorre
da ideia que o homem é um ser social que se forma em contato com a sociedade.
Se opondo às concepções empiristas que enxergam o homem como produto de
estímulos externos. Criticando também as teorias inatistas que defendem que o
homem já nasce com as características que irá desenvolver durante a vida. Para
o autor, o desenvolvimento do homem está intimamente ligado a historia da
sociedade, sendo assim, é impossível separar um do outro. Pois, desde que as
crianças nascem elas interagem com os adultos, e esses, naturalmente, procuram
transmitir a elas a maneira “correta” de se relacionar com a cultura.
O autor acreditava que na mente dos aprendizes existe uma “Zona de Desenvolvimento Proximal”, que é a distância entre o nível
de desenvolvimento real, que representa a capacidade do aprendiz de resolver problemas
individualmente, e o nível de desenvolvimento potencial, que é determinado através
daquilo que o aprendiz pode resolver com o auxílio de um instrutor ou outro
aprendiz mais experiente. O desenvolvimento
potencial é sempre uma incógnita, pois ainda não foi atingido. Então, as “boas
aprendizagens” são aquelas que proporcionam o aumento no nível do
desenvolvimento do aprendiz. Assim, a aprendizagem mediada por pares mais
experientes ou mais capazes, se mostra um bom método de evolução do
desenvolvimento.
Utilizar os próprios aprendizes
como instrumento de instrução fazendo com que eles “ensinem” uns aos outros
parece uma boa saída para os problemas da escola atual, como o grande número de
alunos por turma e a falta de recursos didáticos (a quantidade de computadores por alunos por exemplo). Segundo Vygotsky, a
auto-regulação é precedida por uma regulação exterior. Assim, com o
desenvolvimento da aprendizagem orientada, o guia vai entregando gradativamente
o controle nas mãos do aprendiz, que vai assumindo uma maior responsabilidade
cognitiva sobre as tarefas, e assim, cada vez mais o aprendiz auto-regula suas
tarefas.
Vygotsky considera
muito importante o trabalho do educador neste contexto, como impulsionador do
desenvolvimento cognitivo dos aprendizes, disponibilizando apoio e insumos para
que eles possam aplicar um nível de conhecimento maior do que seria possível
sem auxilio. Porém, é importante perceber antes se o aprendiz tem condições de
absorver o pensamento. Se os processos educativos no Brasil forem
desenvolvidos considerando a ZDP, podem fornecer aos educadores indícios das
potencialidades dos aprendizes, permitindo que os processos educativos sejam
mais individualizados e sistemáticos. Porque na óptica do autor o
desenvolvimento da “criança é um processo dialético complexo caracterizado pela
periodicidade, desigualdade no desenvolvimento de diferentes funções,
metamorfose ou transformação qualitativa de uma forma em outra, embricamento de
fatores internos e externos, e processos adaptativos que superam os
impedimentos que a criança encontra”. Sendo assim, fica claro que para o autor
o desenvolvimento é um processo que acontece de dentro para fora se opondo as tradicionais
concepções que postulam o contrario.